quinta-feira, novembro 20, 2008

A SHAKTÍ


A SHAKTÍ

O termo shaktí significa energia. Por extensão, designa a companheira tântrica, que pode ser esposa, amante ou amiga. Dependendo do uso na frase, pode também referir-se à kundaliní ou, ainda, à Mãe Divina.

No Tantra, aprendemos um conceito muito bonito, segundo o qual Shiva sem Shaktí é shava. Isto é, "o homem sem a mulher é um cadáver". Shiva é o arquétipo masculino, que deve ser catalisado pela Shaktí, arquétipo feminino. Veja como é interessante: a mulher, quando companheira, denomina-se Shaktí, que significa literalmente energia. É aquela que energiza, que faz acontecer.

Sem a mulher, o homem não evolui na senda tântrica. Nem a mulher sem o homem. É preciso que tenhamos os dois pólos. Podemos fazer passar qualquer quantidade de eletricidade por um fio e ainda assim a luz não se acenderá, a menos que haja um pólo positivo e outro negativo, um masculino e outro feminino. Assim é nas práticas tântricas.

O Tantra também possui um componente fortemente poético que contribui para tornar as pessoas mais sensíveis e aumenta o senso de respeito e de amor entre homem e mulher. Nesse sentido, um dos seus conceitos mais encantadores ensina que, para o homem, a mulher é a manifestação vivente da própria divindade e, como tal, ela deveser reverenciada e amada. A recíproca é verdadeira, pois a mulher desenvolve um sentimento equivalente em relação ao homem.

AS SHAKTÍS DOS QUATRO ELEMENTOS
Nossa Escola reconhece quatro tipos de parceiras, correspondentes aos elementos terra, água, ar e fogo.
Prithiví Shaktí (energia da terra) – inerte como a terra: é o tipo de parceira que não tem muita energia sexual ou que não tem disposição suficiente, ou que tem alguma disfunção orgânica ou psicológica, incluindo-se aqui tanto as frígidas quanto as que manifestam baixa necessidade de sexo e, ainda, as muito reprimidas.
Apas Shaktí (energia da água) – passiva, que se acomoda com o formato do recipiente: é o tipo de companheira que tem razoável disposição, mas que não toma muita iniciativa e poderá até conseguir uma ótima performance desde que o homem conduza e domine a situação. Se o homem não estiver a fim de sexo, ou se não estiver a fim dela, ou se estiver cansado, ela simplesmente não fará nada para reverter essa situação. Noutras palavras, se o homem estiver com ereção eles irão ter um contato sexual; se ele não tiver uma ereção ela simplesmente não saberá o que fazer; ou não quererá fazê-lo; ou será muito reprimida para tanto. É praticamente uma mulher-objeto.
Vayu Shaktí (energia do ar) – ativa, livre como o ar: é o tipo de mulher que tem ótima sexualidade e toma a iniciativa. Se o homem não estiver a fim de sexo, ou não estiver a fim dela, ou estiver cansado, ela simplesmente reverte a situação através dos mais diversos artifícios, desde um olhar flamejante, um sorriso cativante, uma carinha graciosa, um dengo, uma palavra, um tom de voz, cabelos, roupas ou adereços sedutores, carícias, expressão corporal e o que mais for necessário.
Agni Shaktí (energia do fogo) – fulgurante como o fogo: é muito semelhante ao tipo anterior, com uma sutil diferença. Ela não dependerá da ereção dele e conseguirá extrair prazer de praticamente qualquer parte do corpo do homem, independentemente da sua participação. Ela fará a festa mesmo que o parceiro esteja dormindo ou morto – e acordará até defunto. É a super-parceira, que todo homem quer ter. Mas se você é mulher e está lendo estas linhas, cuide para ter o bom-senso de respeitar os limites. Seduzir, sempre; invadir, jamais! Aliás, esta norma de boas maneiras serve para ambos.

MAHÁ SHAKTÍ
Na nossa tradição, reconhecemos um tipo especial de Agni Shaktí, denominada Mahá Shaktí - a Grande Shaktí, a Grande Energia, ou a Grande Deusa. Somos sempre gratos à Mahá Shaktí pelo impulso evolutivo que ela nos proporciona e a reverenciamos com extremo carinho e respeito.
A Mahá Shaktí é uma mulher que sente prazer em conceder darshans e os proporciona com freqüência. Estimula os shaktas como uma missão. Professa uma sexualidade plena, exuberante, irrestrita e bem resolvida. Mantém o corpo em forma para que sua visão seja uma oferenda de arte e jamais uma agressão à estética. Alimenta a noção de que a diferença entre o erotismo e a obscenidade está no grau de sutileza e sensibilidade com que as atitudes são levadas a efeito.
Embora a Mahá Shaktí seja uma mulher liberada e sensual, em todas as suas atitudes, recende elegância e sofisticação. Pela própria natureza do seu código comportamental, não exerce a possessividade nem impõe aos parceiros o amargo fel do ciúme. Sabe comportar-se e não invade os limites físicos ou emocionais das demais Shaktís. Pode transmitir o tantra kripá, um toque energizante que estimula chakras e kundaliní através da libido. Esse kripá normalmente não é utilizado no Ocidente devido aos nossos bloqueios culturais. No entanto, pode ser transmitido pela Mahá Shaktí. Ela tem uma sensibilidade acima da média e torna tudo o que faz lindo, sutil, natural e espontâneo. A Mahá Shaktí é condecorada com uma medalha do ÔM que tem o verso diferente das demais. Se, eventualmente, ela deixar de merecer essa insígnia, deverá devolvê-la; caso contrário, a medalha lhe será tomada naturalmente: ela a perderá!

*A REVERÊNCIA À SHAKTÍ

A Shaktí só receberá toda aquela reverência do seu adorador, o Shakta, se for merecedora desse status que conquista por mérito próprio e um dos fatores para tanto é a reciprocidade da adoração ao Shakta.
Outro requisito é que a mulher seja tântrica e não brahmácharya. Noutras palavras, que ela não seja machista. É a própria postura da mulher que, ao se comportar como bibelô, dondoca, Cinderela, dona-de-casa, etc., termina demolindo o respeito do homem por ela.
Finalmente, a mulher tântrica deve ser competente ao atuar no mundo. O Shakta só poderá tratar como deusa a mulher que seja uma vencedora e não uma completa incapaz. É preciso que ela saiba ganhar dinheiro, tanto ou mais do que ele. Que ela saiba guiar o automóvel tão bem, ou melhor do que ele. Enfim, que não aja como uma alienada que precise ser o tempo todo ensinada, ajudada, amparada, pois se lhe faltar o braço forte do homem ela será capaz de cair... Assim como o homem só consegue ser cavalheiro se a mulher agir como uma dama, ele só consegue ser tântrico se ela também o for.
Retirado do livro Tantra a Sexualidade Sacralizada, DeRose
Obs.: Não trabalhamos com tantra e sim SwáSthya Yôga.
www.yogabalneariocamboriu.com.br

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